15 dezembro, 2010

Nunca fui de escrever cartas, de procurar os presentes embaixo da cama, dentro das meias. Desde criança, apesar dos muitos devaneios, sempre tive cravado dentro do meu coração a certeza dos que acreditam no destino. O que for pra ser meu, já é meu e há tempos (pré-de-ter-mi-na-do), sonho amor, sonho a leveza do mundo a minha volta, a doçura dos que escolho pra dividir minhas filosofias, minha solidão, melancolias. Também sou escolhida pela solidão dos muitos que procuram um colo pra repousar as horas vãs, abraços e troca de afagos, de textos, descanso na nossa poesia e na alheia, que acolhe desejos genuínos. Somos todos artistas. Ao nosso redor tudo são letras, cores sons, amor traduzido, pensamentos idem. Quero meus braços em volta dos que trazem suas vidas até mim.
Meus moleques, meus neguinhos. Ao infinito e além!
Minhas meninas, com algumas divido os balões do pensamento, alvos do meu coração Caetano de eterno flerte. Fridas, Clarices, Bethanias... Ouvidos que são o repouso das minhas longas frases, dos meus discursos in-ter-mi-ná-ve-is sobre como tudo deve ser e dos meus silêncios insuportáveis, pausa nos dias. Cigarros dividos entre sorrisos ou lágrimas, dividimos também a rede, as cervejas e as migalhas de pão marcando o caminho de casa.


Somos todos mãos atadas, traçando juntos o caminho da vida já determinada.



''...Onde ancoro meu veleiro.
Choro um mar sobre o cinzeiro

e canto. No cais mais um cigarro e,
sem amarras não demoro
em não ter rumo...''